Imagem que o maquinista vê na simulação é muito próxima do real
A Escola Politécnica (Poli) da USP apresentou na tarde desta
sexta-feira (11 dez 2009) o protótipo de um sistema de realidade virtual para a
simulação de trens desenvolvido para a mineradora Vale. De acordo com o
professor Roberto Spinola Barbosa, coordenador do projeto na USP, o
grande diferencial desse simulador é o fato de ele incorporar uma série
de modernidades tecnológicas que os simuladores atuais, importados pela
Vale de outros países, não tem, pois foram desenvolvidos em décadas
passadas.
“Nos simuladores anteriores, tinha-se apenas o traçado por onde a
ferrovia passava e as paisagens, os viadutos e pontes do entorno da
linha férrea precisavam ser construídos manualmente por meio de projetos
de computação gráfica. Este software que usamos neste simulador é muito
mais moderno do que os usados atualmente. A imagem que o maquinista vê
na simulação é muito próxima do real, pois mostra com muita riqueza de
detalhes os cenários por onde o trem está passando”, conta o professor.
A simulação é feita a partir de uma base georeferenciadas, obtidas
por meio de imagens de satélites da Nasa. As imagens são importadas e
inseridas no programa e o simulador gera automaticamente a simulação,
incluindo o relevo, com montanhas, rios, pontes e até túneis. É possível
fazer a simulação tanto em ferrovias já existentes, como também inserir
o traçado de novas ferrovias. “Para isso, basta inserir no programa
dados como raios de curva, subidas e descidas, importar o mapa de
imagens via satélite do lugar e inserir no simulador, que vai gerar o
trajeto”, explica.
Nas simulações, o operador do sistema poderá incluir alguns eventos
que ocorrerão ao longo do trajeto, como chuvas muito intensas,
aparecimento de fogo na cabine de comando, alteração na visibilidade, um
carro que atravessa a linha férrea. Esses eventos serão úteis para
análise da reação do maquinista e poderão ser pontuados. Todas as
informações das simulações realizadas ficam registradas para consultas e
análises posteriores. O simulador também apresenta a sinalização
idêntica a da via férrea real, e a pessoa em treinamento deverá levar
isso em conta.
Multiplayer
Barbosa conta que atualmente o protótipo apresenta 24 cabines de simulação, ou seja, até 24 pessoas podem ser treinadas simultaneamente, além de 8 cabines de supervisão. Eventualmente poderá ser feita também uma supervisão remota, via internet. “Ainda vamos fazer alguns ajustes. Um deles é fazer uma interligação de modo que se houver algum outro trem no mesmo trecho, a pessoa em treinamento possa ver este outro trem também. É o chamado multiplayer”, conta. “Se houver um gestor de tudo isso, ele terá condições de controlar tudo. Com isso, não apenas os maquinistas, mas os coordenadores também poderiam ser treinados por meio do simulador”, destaca.
A apresentação teve início às 14 horas e no prédio do Tanque de Provas Numérico (TPN) do departamento de Engenharia Naval da Poli. Além
de executivos da Vale, como Rodrigo Beraldo e Ricardo Pena, estiveram no
local a professora Marli Monteiro, representando a pró-reitora de
Pesquisa, Mayana Zatz; o professor José Roberto Cardoso, representando o
diretor da Poli, Ivan Faleiros; e o professor Celso Pesce, do
departamento de Engenharia Mecânica.
De acordo com o executivo Ricardo Pena, da Vale, a partir do próximo mês de março, quando o projeto tiver sido finalizado pela USP, serão montadas salas próprias para treinamentos e o simulador desenvolvido na Poli já começara a ser usado.
Por Valéria Dias - valdias@usp.br
Publicado em 11/dezembro/2009 | Editoria : Tecnologia
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