quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Investimentos federais em transportes não decolam



O governo não conseguiu apertar o acelerador dos investimentos públicos que havia planejado para o setor de transportes. Os desembolsos previstos para obras em rodovias, ferrovias e hidrovias, ações encaradas como principal antídoto contra a estagnação econômica, não decolaram na velocidade desejada. O ano de 2012 chega ao fim carimbado como uma das piores execuções orçamentárias do setor de transportes nos últimos tempos. Esse cenário é revelado a partir de informações do Sistema de Administração Financeira (Siafi). Os dados foram estruturados pela coordenação de infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O plano desenhado para as estradas federais previa a execução total de R$ 13,627 bilhões ao longo deste ano. Até esta semana, apenas 48,3% desse montante - R$ 6,581 bilhões - havia sido executado. O cenário projetado até 31 de dezembro é pouco estimulante. Se confirmada a média histórica dos últimos anos relativa aos desembolsos feitos no último bimestre, a projeção aponta para uma execução de apenas 57,9% do total previsto para as estradas federais, chegando a R$ 7,897 bilhões no ano. É preciso destacar ainda que quase 70% dessa execução deve-se, exclusivamente, à quitação de restos a pagar, ou seja, pagamento de contratos que foram firmados antes de 2012. Trata-se do resultado mais tímido registrado pelas rodovias desde 2008 (ver quadro).

A situação não é diferente nas ferrovias. O transporte sobre trilhos, que contava com R$ 2,751 bilhões para investimento neste ano, só recebeu R$ 740 milhões até agora, o que equivale a apenas 26,9% do planejado. Dada a média histórica de suas execuções anuais, chegará a 31 de dezembro com menos de um terço do total previsto, cerca de R$ 888 milhões, o pior resultado desde 2007, quando teve início o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais complicada que a situação de estradas e ferrovias é a realidade encarada pelas hidrovias. As estradas de água, que já chegaram a ter um pacote de projetos idealizado pelo governo, acabaram praticamente excluídas das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). As ações para melhorar o transporte pelos rios começaram 2012 com previsão de R$ 817,6 milhões em investimento público. Chegaram a esta semana com execução de R$ 309 milhões (37,8% do total) e devem concluir o ano com, no máximo, 45,4% do previsto. Será o resultado mais fraco dos últimos oito anos.

"O governo iniciou o ano falando muito da necessidade de se ampliar os investimentos em infraestrutura, mas o cenário mostra, claramente, que ele não conseguiu deslanchar", diz Carlos Campos, coordenador de infraestrutura econômica do Ipea.

O Ministério dos Transportes faz uma avaliação diferente deste cenário. Por meio de nota, a pasta declarou que, até o fim deste exercício, seu desempenho financeiro "se situará dentro da média anual de execução" do setor. "Cabe destacar que diversas obras prioritárias foram concluídas e outras de igual importância para o país estão em andamento, tais como a duplicação da BR-060/GO (Goiânia -Jataí) e a construção da BR-448/RS, BR-116/RS, BR-163/PA, empreendimentos cujo volume de execução é bastante satisfatório", informou o ministério.

"Devem-se considerar ainda as novas obras de manutenção, construção, duplicação e adequação de capacidade que serão contratadas e que permitirão um grande avanço nos níveis de investimento", declarou a Pasta dos Transportes, sem detalhar essas informações.

Segundo o ministério, o ano se valerá ainda dos resultados que vêm sendo alcançados com a "atuação destacada do Fundo da Marinha Mercante", unidade vinculada à pasta, que vem promovendo o financiamento de embarcações para a Marinha Mercante. "Atualmente há 257 embarcações contratadas, além da geração significativa de empregos", afirmou o ministério.

No ano passado, a execução de obras de transporte foi prejudicada por causa da crise de corrupção no setor, que explodiu em junho, levando à queda da cúpula do ministério e até à paralisação temporária, por determinação da presidente Dilma Rousseff, de contratações de obras públicas. "Esperava-se que neste ano os projetos retomassem o ritmo, mas uma série de problemas com a baixa qualidade de projetos de engenharia, a necessidade de fazer desapropriações e as dificuldades para obtenção de licenciamento ambiental impactaram no resultado", avalia Carlos Campos, do Ipea.

Hoje, são raros os casos de obras do setor que não param nas malhas do Tribunal de Contas da União (TCU) ou do Ministério Público Federal (MPF). É o caso das prometidas obras de recuperação, restauração e manutenção das BRs 163 e 364, no Mato Grosso, principais rotas de escoamento da agroindústria do país. O orçamento total das obras chegava a R$ 247 milhões. Depois de analisar os editais e projetos, o TCU encontrou falhas nos estudos, que levariam a um superfaturamento superior a R$ 28 milhões. Nas duas rodovias, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estimou uma largura média de dois metros para os acostamentos, mas o próprio projeto licitado apontava para uma medida inferior. A licitação acabou suspensa em março pelo Dnit. Na semana passada, a autarquia publicou um novo edital para contratação das obras. A concorrência será realizada por meio do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), com o propósito de acelerar a execução. Alguns trechos da BR-163 têm obras em andamento.

Nas ferrovias Norte-Sul (FNS) e Oeste-Leste (Fiol), tocadas pela Valec, as obras pouco avançaram neste ano, por conta de problemas semelhantes, além de uma enorme dificuldade para desembaraçar o nó de milhares processos de desapropriações que se situam no traçado dos trilhos.



Autor(es): Por André Borges | De Brasília
Valor Econômico - 25/10/2012

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Desenvolvimento e infraestrutura no Brasil


Autor(es): Cláudio Frischtak e Victor Chateaubriand

Jornal Valor Econômico - 24/10/2012

O histórico das economias emergentes bem-sucedidas mostra que os investimentos em infraestrutura impulsionam e são instrumentais para sustentar o crescimento econômico no médio e longo prazo. A evidência sugere que a infraestrutura e educação contribuem para a produtividade do trabalho e consequentemente para o crescimento - de forma quase semelhante, ainda que menos que o capital físico aplicado diretamente na produção.

Os investimentos em infraestrutura têm um papel decisivo na modernização do país, devendo se situar em níveis elevados por muitos anos. Estima-se que sustentar um crescimento econômico da ordem de 4% ao ano requer investimentos acima de 4% do PIB por longos períodos. Na realidade, investimentos abaixo de 3% do PIB em infraestrutura são insuficientes para repor a depreciação do capital fixo per capita alocado ao setor.

À medida que a renda aumenta, cresce também a demanda por serviços de infraestrutura. Há uma relação sistemática entre as variáveis: com o aumento da renda per capita, maior é a pressão de demanda. As elasticidades variam de 0,31 a 1,95 para a maioria dos países, sendo que transporte e saneamento seriam os suportes "básicos", com menor elasticidade, seguidos de energia e telecomunicações. Em síntese, a infraestrutura tem um duplo papel: impulsionar o crescimento econômico e a produtividade; e responder às demandas de maior conforto e bem-estar da população à medida que a renda se expande.

No pós-guerra, grandes investimentos em infraestrutura foram realizados pelo Estado, com maior ênfase a partir do governo Juscelino Kubitschek (Plano de Metas) e chegando a uma média de 5,42% do Produto Interno Bruto (PIB) na década de 1970. Ao longo dos anos 80, o país passou por uma crise financeira e fiscal, com dificuldades crescentes de acessar os mercados internacionais de crédito, e que deixou poucas opções abertas. O resultado foi uma queda acentuada dos investimentos. Assim, quando comparados à década de 70, investimentos em infraestrutura no Brasil tiveram uma redução média de 60% entre 1971/80 e 2001/10, chegando a 69% em eletricidade e transportes, 59% em saneamento e 20% em telecomunicações.

Sustentar crescimento de 4% ao ano requer investimentos acima de 4% do PIB por longos períodos

Desde 2007 o governo vem mobilizando recursos públicos e privados para aumentar os investimentos em infraestrutura. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nasceu com a premissa de que o setor público estaria à frente da retomada, "puxando" o setor privado. Ao início, os investimentos de fato se elevaram, mas não se sustentaram, e sua trajetória descreve nesse período uma parábola invertida. Chegaremos em 2012, com toda a probabilidade, ao fundo do poço. E isso apesar de uma significativa expansão da contribuição privada entre o "auge do PAC" (2010) e 2012, de 39% para 52%, com um ganho projetado, contudo de apenas 0,1% do PIB; em contraposição estima-se que os investimentos do setor público irão contrair em 0,5% do PIB até o final do período por força das restrições fiscais do Estado e baixa capacidade de execução.

Com um investimento em infraestrutura em torno de 2% do PIB, o país está abaixo do mínimo necessário e distante dos competidores, que investem sistematicamente acima de 4% do PIB, chegando a alguns casos a 10% do PIB.

Apesar dos esforços do governo - que está genuinamente preocupado com as deficiências na área de infraestrutura - 2012 será um ano de inflexão na taxa de investimento. Contudo, os investidores continuam enfrentando barreiras.

Primeiro, no plano regulatório e contratual. Ainda que esta não tenha sido a intenção do governo, as medidas recentes aumentaram a incerteza quanto à estabilidade das regras e sua transparência. E não ajuda a fragilidade das agências reguladoras - a experiência internacional demonstra sua importância para atrair o investimento privado. Deve-se sublinhar que os investimentos em ativos de longa duração requerem um horizonte de previsibilidade. Para investimentos que tenham uma pegada territorial, permanece ainda um forte elemento de incerteza dos custos de mitigação e tempo de licenciamento ambiental.

Uma agenda mínima em infraestrutura incluiria primeiramente a melhoria na qualidade das agências reguladoras. Estas devem ser eminentemente técnicas, com diretorias independentes de injunções político-partidárias, financiadas adequadamente, e cujos estudos, normas, processos e decisões devem ser amplamente divulgados, seguindo os princípios de transparência, equidade de tratamento ao setor privado e atendimento ao interesse público. Cabe ainda ao Estado prover um horizonte de investimento para o setor. Nesse sentido é fundamental a definição pelo governo de uma estratégia clara e um planejamento de médio e longo prazo, a exemplo daquele formulado pela EPE no setor elétrico, sendo o que se espera da nova EPL em logística.

E finalmente, cabe assegurar que a crescente transferência de ativos e funções ao setor privado seja feita em bases competitivas, por meio de leilões e instrumentos similares, e calcados em regras que garantam o interesse do consumidor pela combinação equilibrada de modicidade tarifária e qualidade dos serviços. Nos casos em que a concessão pura é incapaz de atrair o investimento privado, parcerias público-privadas são alternativas que, se corretamente desenhadas e contratadas, minimizam os gastos de Estado e propiciam maior eficiência nas operações.

Cláudio Frischtak e Victor Chateaubriand são presidente e técnico da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, respectivamente.





  "Educação, infraestrutura e gestão pública são gargalos no Brasil " 
 


sábado, 20 de outubro de 2012

Frente Parlamentar Gestão Pública discute transporte e logística


Seminário discute o principal gargalo para o desenvolvimento do Brasil: transporte e logística

Através da Conteinerização e da Intermodalidade com o sistema Rodoviário e os Portos, como é nos Estados Unidos e a Europa...




A Frente Parlamentar Mista Para o Fortalecimento da Gestão Pública promove, nos próximos dias 23 e 24 de outubro, o Seminário de Gestão de Transporte e Logística com o objetivo de mobilizar partidos, setores e comunidade para um equacionamento do problema técnico, econômico e político buscando modernizar e integrar este setor que é, sem dúvida, a estrada que nos levará ao primeiro mundo.

 O que se pretende é identificar os problemas, propor possíveis soluções e sugerir rumos e estratégias e, finalmente, o investimento, suas fontes e a forma de gestão aconselhável.

Tudo isso a partir de um amplo debate que envolva Executivo, Legislativo, Judiciário e sociedade para eliminar este verdadeiro gargalo ao nosso progresso. O ministro dos Transportes Paulo Passos confirmou presença no evento e enfatizou a firme disposição da presidente Dilma Rousseff de eliminar os estrangulamentos do setor de Transportes e criar uma logística apta à exportação e ao escoamento da produção.

Além do debate dos problemas específicos dos setores rodoviário, ferroviário, fluvial, aéreo, marítimo e portos, de transporte por dutos - que representa hoje percentual expressivo da movimentação de cargas sólidas e de combustíveis - e outros, o Seminário se debruçará sobre temas gerais.


Dentre eles, destaca-se a questão financeira em que, além dos recursos públicos, temos que mobilizar os da iniciativa privada via concessões e Parcerias Público-Privadas que permitirão remodelar, em médio prazo, nossas estradas. Essa iniciativa já está prevista Programa de Investimento em Logística lançado em agosto último pelo Governo Federal. 

De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria, o transporte de uma tonelada de soja produzida no norte de Mato Grosso para Xangai, na China, passando pelo Porto de Santos, pode chegar a US$ 180. Em comparação, levar uma tonelada de soja de Davenport, nos Estados Unidos, para a mesma cidade chinesa custa US$ 108. 

Na fazenda, o produto brasileiro é mais barato, mas acaba se tornando mais caro por causa da deficiência logística. O custo do transporte representa 19% do valor final do produto americano, comparado a 30% do brasileiro.

Segundo estudos da Fundação Dom Cabral, a falta de investimentos públicos no setor de logística - portos, aeroportos, rodovias e ferrovias - já provoca perdas da ordem de US$80 bilhões ao ano às empresas brasileiras. Vê-se, portanto, que o transporte tornou-se um estrangulamento limitando a agricultura, mineração e indústria e, principalmente, a competitividade. Nas próprias áreas urbanas, ele é hoje um fator negativo na qualidade de vida.

O problema não é somente de recursos, mas de gestão e articulação dos modais e otimização logística. Ele é visível nos fretes elevados, nas limitações das exportações e, sobretudo, na elevação de custos industriais, sem falar nas milhares de vidas perdidas ano a ano no trânsito. Anualmente, as vítimas nas estradas são dez vezes os mortos na Guerra do Paraguai e cem vezes a de nossos heróis na Segunda Guerra Mundial.

Hoje cerca de 60% de toda a carga movimentada no país utiliza as rodovias para atingir o destino final, seja nos mercados de distribuição interna, seja nos portos, para exportação. Pela malha ferroviária brasileira passam cerca de 20% da produção do país. Um desperdício, considerando que temos uma ferrovia que liga os principais pontos, onde está 70% do PIB brasileiro, praticamente sem uso.

Países continentais como o Brasil tem um modal mais competitivo. A Rússia tem 81% da carga com transporte ferroviário. O Canadá, 46%, e os Estados Unidos, 43%. O Brasil fica com 25%, jogando o peso dos transportes em 65,6% nas rodovias. O modal aquaviário responde por 11,4% o dutaviário apenas 3,5%. O transporte aéreo representa apenas 0,1%.

Nas últimas décadas, deixamos de criar alternativas a esse modal de transporte, o rodoviário, que nem sequer mantemos em boas condições. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte, dos 92.747 km de rodovias asfaltadas, mais da metade estava, em 2011, em condição regular, ruim ou péssima. Apenas 12,6% das estradas estão em bom estado.

 Hoje, o que temos é uma malha rodoviária precária, quase arcaica, se comparada com outros países, sem locais de repouso, sem policiais rodoviários suficientes para a fiscalização e sem a garantia de o mínimo de segurança.


PARTICIPAM DO EVENTO:

Congresso Nacional, Governo Federal, Governos Estaduais, Instituições e sindicatos, empresas públicas e privadas, agentes financeiros, especialistas, estudantes e outros. 

DOZE GRUPOS TÉCNICOS DEBATEM:

transporte rodoviário; transporte ferroviário; transporte fluvial; transporte marítimo e portos; transporte aéreo e aeroportos; transporte por duto; transporte de água e eletricidade; fontes de recursos, concessões e parcerias; treinamento e mão de obra; transporte urbano; gestão, integração e logística; meio ambiente e sustentabilidade.

REALIZAÇÃO:

Frente Parlamentar Mista para o Fortalecimento da Gestão Pública, Instituto JK, Escola de Administração Fazendária (ESAF) e Instituto Brasileiro de Administração (IBA)

PARCEIROS: 

Ministério dos Transportes (Governo Federal), Furnas (Eletrobrás), Transpetro (Petrobrás), Confederação Nacional do Transporte (CNT), Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Confederação Nacional de Transportes Urbanos (CNTU), Confederação Nacional do Comércio (CNC), Caixa Econômica Federal, agência reguladoras como ANTT, ANTAQ, ANEEL, ANAC, e outros.

SOBRE A FRENTE:

O debate sobre a qualidade da gestão no setor público pode ser um ponto de partida para o Brasil que quer crescer de forma eficiente, transparente e racional. A sociedade brasileira reclama cada vez mais dos serviços precários e de má qualidade prestados pelo Estado, da falta de políticas públicas eficazes, do excesso de burocracia, além do desperdício, má aplicação e desvio dos recursos públicos. Por isso, é chegado o momento da priorização da gestão pública. E uma gestão pública eficiente passa pela diminuição efetiva da desburocratização – base para qualquer trabalho de otimização do serviço público -, passa pela profissionalização e modernização de recursos materiais e humanos e pela busca incessante de um Estado produtivo pleno, onde os recursos públicos sejam aplicados com transparência, racionalidade e eficácia.

É dentro desse paradigma que o Congresso Nacional lançou, em junho, a Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Gestão Pública, sob a presidência do deputado federal Luiz Pitiman (PMDB-DF). Esta Frente tem uma estrutura diferenciada das demais que já surgiram no Congresso Nacional.

 O grupo é heterogêneo, composto por oposição e base governista: tem um presidente e cinco vice-presidentes - os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Kátia Abreu (PSD-TO), e os deputados Ricardo Berzoini (PT-SP) e Hugo Leal (PSC-RJ) - e é composta por onze coordenadorias setoriais nacionais, responsáveis por temas considerados prioritários.

“Trabalhando bons exemplos e viabilizando a implementação de soluções inovadoras seremos capazes de tornar o Brasil um país moderno e competitivo, gerido com transparência. A ideia é exercer a representação política e promover a participação da sociedade e dos poderes Executivo e Judiciário na elaboração de novos marcos regulatórios que contemplem o aprimoramento e modernização da gestão pública brasileira”, afirma Pitiman.

PROGRAMAÇÃO:

• Dia 23 de outubro

Local: auditório Nereu Ramos – Câmara dos Deputados

8h30: Café da manhã 
9h00 às 11h: Abertura do seminário com a presença do ministro dos Transportes e apresentação dos objetivos gerais e dos temas e conferencistas do evento

11h30: Descolamento da Câmara dos Deputados para a ESAF

Local: Escola de Administração Fazendária

14h00 às 16h00: Debates
16h00 às 16h30: Coffee break
16h30 às 18h00: Debates

• Dia 24 de outubro

Local: Escola de Administração Fazendária (ESAF)

08h00: Descolamento da Câmara dos Deputados para a ESAF
08h30: Café da manhã
09h00: Debates
11h00: Encerramento
11h30: Descolamento da ESAF para a Câmara dos Deputados

Fonte: Frente Parlamentar para o Fortalecimento da Gestão Pública

Publicada em:: 19/10/2012


Comentário do Blog Ferrovia Intermodal, novamente o mesmo problema, não se comenta nada sobre Conteinerização e Intermodalidade; que são os fatores básico para integração dos modais, enquanto o sistema de transporte Norte Americano e Europeu já desenvolveram e impĺantram desde a década de 80...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vicente Abate ABIFER espansão das ferrovias jornal da Record


Representante da indústria ferroviária analisa a expansão das linhas férreas no país




 



Nos últimos nove anos, pouco mais de 750 km de ferrovias foram construídos em todo o Brasil. Esse número já foi bem menor. Entre 1986 e 2002, foram entregues apenas 215 km. A presidente Dilma Rousseff já declarou que pretende ampliar a malha ferroviária, com a construção de pelo menos mais 3 mil km de trilhos. Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, comenta o bom momento do setor.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Logística atrasa o desenvolvimento


14/10/2012 - O Globo 

Enquanto o Brasil gosta de se vangloriar que possui uma matriz energética limpa e eficiente, o País convive com uma matriz logística suja e cara, que reduz diretamente a competitividade. Isso é visto na excessiva dependência de rodovias, burocracia nos portos, infraestrutura deficiente nos aeroportos. Se a eficiência americana nos transportes fosse replicada no Brasil, dizem os especialistas, a redução nos custos de transporte seria de R$ 90 bilhões por ano.

Aqui, 65,6% da matriz é de estradas. As ferrovias respondem por 19,5%, seguidas por 11,4% do modal aquaviário e 3,5% do dutoviário. O transporte aéreo representa pífio 0,1%. Com esse desenho, o custo logístico no País era de 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, segundo levantamento feito a cada dois anos pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). Nos EUA, o porcentual era de 7,7% do PIB.

Nos EUA, as rodovias respondem por 38% da matriz de transporte, seguidas pelas ferrovias (28,7%). A parcela do transporte aquaviário é igual à brasileira, mas o modal dutoviário tem uma fatia bem maior: 21,5%. "Além da herança JK (ex-presidente Juscelino Kubitschek, que estimulou a malha rodoviária ao incentivar a indústria automotiva), essa matriz é resultado do baixo investimento em transporte nas últimas décadas. Você consegue ter mais veículos circulando numa estrada do que o número que ela comporta. Mas não consegue o mesmo num aeroporto. Como o Brasil não investia na expansão da infraestrutura de transporte, aquele modal que era mais elástico acabou sobressaindo", explicou Maurício Lima, do Ilos.

Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, acredita que os problemas de logística já têm um impacto maior do que imaginamos. Ele acredita que isso – aliado à crise financeira global – contribui para o fato de o Brasil não conseguir, nos últimos anos, combinar dois anos seguidos de forte crescimento econômico, na faixa de 4%.

Cabral afirma que os problemas hoje vão além da infraestrutura de transporte e chegam a outros pontos, como a falta de armazéns. "O Brasil não participa da formação do preço de grande parte dos produtos agropecuários que é relevante porque não temos armazéns, precisamos produzir e enviar logo ao exterior. A nossa capacidade de guardar grãos, por exemplo, é um quarto da capacidade dos Estados Unidos. Poderíamos ter um papel mas relevante nesses preços", afirma Resende.

Remendos. Ele acredita que o sistema logístico cria problemas em cadeias e as soluções apresentadas muitas vezes são remendos, o que piora todo o cenário. Mas, para ele, desta vez, a equipe do governo começou a enxergar o setor com a visão da logística integrada. "Hoje em dia, apenas duas empresas têm essa visão integrada de logística do Brasil: a Vale e a Petrobrás, e não é por acaso que as duas são as maiores empresas do País.

No ranking de desempenho logístico elaborado pelo Banco Mundial em 2012, o País ocupa a 45.ª posição, atrás de nações ricas como Alemanha (4.ª) e EUA (9.ª) e de emergentes como África do Sul (23.ª) e China (26.ª). O ranking, que reúne 155 países, considera itens como infraestrutura de transporte e procedimentos alfandegários. Considerando este último critério isoladamente, o Brasil desaba para 78.º lugar. 

Custos. A inadequação da matriz de transporte brasileira também é uma das razões para seu baixo desempenho em relação a outras nações da lista e a principal causa do custo logístico elevado. Bruno Lima Rocha, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), afirma que, além dos problemas de obras em si, os setores de portos e cabotagem sofrem com regulamentação excessiva e burocracia. "Durante a greve dos funcionários da Anvisa, uma embarcação ficou sete dias em Salvador esperando fiscais. O empresário que vive isso nunca mais usa a cabotagem, apesar de ser mais barata. Usa o caminhão, que não passa por fiscalização alguma. Se tivéssemos as mesmas normas que valem para os caminhões, ganharíamos mercado e o País seria beneficiado com custos menores, haveria menos acidentes nas estradas e menos emissão de gases poluentes."

Rocha afirma que a cabotagem poderia ser muito desenvolvida e lembra que o objetivo do governo, previsto no Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT) – estabelecendo que em 2025 o transporte marítimo represente 29% da carga transportada do País, contra os 12% atuais – é factível. "O setor é o mais eficiente do mundo, somente precisamos ter condições. Hoje, esse tipo de transporte só é utilizado de forma relevante por granéis líquidos, graças a Petrobrás, e por minérios, por causa da Vale", lembra. 

Desperdício. Cleber Cordeiro Lucas, presidente da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem, afirma que o País ignora que possui o meio mais eficiente de transporte tendo quase 8 mil quilômetros de costa. "Temos uma ‘BR’, uma rodovia de altíssima capacidade e uma ferrovia que liga os principais pontos, onde está 70% do PIB brasileiro, praticamente sem uso", disse.

Em sua opinião, os entraves burocráticos que afetam o segmento, além dos problemas de infraestrutura, são fatais para as empresas de cabotagem. "Se um navio que vai para a China perde um dia em um porto brasileiro é algo terrível, mas esse navio consegue recuperar parte desse tempo no caminho até a Ásia. Mas se um navio de cabotagem perde um dia é fatal, ele perde toda a sua agenda, toda a sua escala, não cumpre nenhum prazo e fica sem clientes."

Setor privado vai liderar investimentos em infraestrutura



15/10/2012 - O Globo


O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) está otimista. Agora ele acredita que o País vai resolver seu problema de infraestrutura logística. Ele está confiante que, com a série de pacotes que o governo está lançando na área de transportes, os investimentos federais no setor, que hoje estão em torno de R$ 20 bilhões por ano, passarão, em um primeiro momento, para algo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, para depois alcançar o patamar dos R$ 70 bilhões. Para ele, o setor privado participará e liderará os investimentos. A seguir, trechos da entrevista.

Os pacotes de investimentos em transporte anunciados pelo governo vão melhorar de fato a competitividade do País?

A ideia é essa. Estamos trabalhando com um conjunto de ações para isso. Quando propomos duplicar rodovias, por exemplo, vamos garantir que os caminhões tenham mais velocidade e mais segurança. Assim, um caminhão que fazia duas viagens por mês poderá fazer três, reduzindo os custos fixos. No caso da ferrovia, isso é ainda mais agressivo, você não gera só uma alternativa logística, mas um ganho direto de competitividade. Pelo modelo que criamos, vamos ter novas ferrovias com um custo muito menor, pois o governo garante a carga, o que dá segurança ao investidor. São três pontos fundamentais para as ferrovias: vamos ter novas ferrovias, vamos ter novas ferrovias com custo fixo bem baixo e vamos ter novas ferrovias com custo fixo bem baixo com um número aberto de fornecedores de serviço de transporte.

O setor privado vai liderar esse investimento?

Sim, com certeza. O capital privado trará um novo capital para esses investimentos, que serão ampliados. E o governo vai financiar esse investimento, dando apoio, e também vai auxiliar na formulação de bons projetos.

Mas o governo tem condições de fazer frente ao aumento de financiamento que pode surgir se os investimentos crescerem dessa maneira?

O BNDES está se preparando para isso, para estar de acordo com o indicado pelo governo para esses investimentos. Hoje, o orçamento do Ministério dos Transportes para investimentos está em torno de R$ 20 bilhões. Vamos dobrar isso com os recursos privados. Acredito que vamos ficar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões por ano num primeiro momento e, depois, alcançar o patamar de R$ 70 bilhões. Assim, conseguiremos zerar o déficit do setor, que é estimado em algo entre R$ 300 bilhões e R$ 400 bilhões. Depois disso, seguimos com voo de cruzeiro. E as empresas ainda terão outras formas de financiamento, como debêntures, há interesse.

Quando sairá o pacote para portos e aeroportos?

Estamos trabalhando para que seja divulgado ainda este mês, mas é uma questão de governo.

A realidade do País mudará com esses pacotes?

A gente acha que vai mudar, haverá uma atração de investimentos. Agora, estamos tratando de um processo, não de um evento específico, uma obra. Esse processo qualifica, temos projetos estruturantes, uma visão global, projetos melhores.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Brasileiros visitam as ferrovias Britânicas em Derby



From left, Vicente Abate, president of the Brazilian Railway Industries Association, Michelle Craven, vice-chairman of Derby and Derbyshire Rail Forum, Peter Hogarth, regional director for UK Trade & Investment, Luciano Ferreira da Luz and TQ Catalis's Jane Lester at the test track at Derby Conference Centre in London Road.



Um grupo de altos funcionários de empresas ferroviária brasileiras estiveram em Derby para falar sobre parcerias com empresas da cidade em projetos de vários milhões de libras para a infra-estrutura nos dois maiores eventos esportivos do mundo.

A equipe de 22 tomadores de decisão estam em turnê pela Europa para construir as ligações ( parcerias)  com as empresas de transporte ferroviário em relação a projetos ferroviários que estão sendo planejadas para a Copa do Mundo de futebol 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Ontem, o grupo, que incluía o presidente da ANTF - Associação Nacional de Transporte Ferroviário, Rodrigo Vilaça, e do presidente da ABIFER - Associação Brasileira Industria  Ferroviária, Vicente Abate, veio para a cidade de Derby para se reunir com as empresas ferroviárias .

A delegação brasileira foram convidados para o Derby pelo UK Trade Investment Midlands e Leste, uma organização apoiada pelo governo, que incentiva as exportações das empresas  britânicas.

Eles começaram a sua visita com um passeio no centro de controle que é o  estado da arte da Network Rail , em Bateman Street, que monitora toda as atividade das vias para os trens da  East Midlands.

Eles, então, visitaram a TQ Catalis, uma empresa de treinamento ferroviário, em London Road, que é especializada em sinalização e segurança da pista.

Sr. Vicente Abate, que esta sediado em São Paulo, disse: "Nós viemos para Derby, porque é um centro muito grande do setor ferroviário no Reino Unido.

"No século 19, as ferrovias britânicas construíram em todo o Brasil e as competências e habilidades de empresas aqui poderia apoiar nossos planos".

"O Brasil vem crescendo nos últimos 10 anos e há planos para 10.000 km de estrada de ferro e um investimento de bilhões de dólares".

"Existe a possibilidade de fazer parcerias com empresas do Reino Unido." O diretor Craig King da TQ Catalis disse: "Estamos muito interessados ​​em formar ligações (parcerias) com o mercado sul-americano e ajudar a elevar os padrões de competência da engenharia ferroviária para além do mercado do Reino Unido.

"Temos sido recentemente envolvido em exportar nossa formação e produtos de avaliação para o Oriente Médio, Turquia e Índia, e estamos esperando para entregar produtos similares para o mercado brasileiro"

A delegação brasileira aproveitou sua estadia com uma visita ao trilho empresa de software e tecnologia Delta Rail, no Pride Park.

 O gerente de Vendas Tom Ross, do Canal Delta Internacional, disse: "Estamos muito satisfeitos em receber os delegados Brasileiros e é um mercado importante para nós..

"Nós apresentamos uma vasta gama de produtos, software e serviços que oferecem valor companhias ferroviárias em suas organizações."

O Brasil tem sido identificado pelo UKTI como um mercado de alto crescimento para o transporte ferroviário e a organização está incentivando empresas em Derby, que tem um dos maiores grupos de ferroviários empresas conexas do mundo, para aproveitar ao máximo.

Peter Hogarth, diretor regional da UKTI, disse: "Depois de passar a chama para o Brasil, o país agora está tudo pronto para sediar os Jogos Olímpicos em 2016 e, a fim de entregar eles exigem uma grande quantidade de desenvolvimento ferroviário, incluindo transporte ferroviário urbano e metrôs.

"Eles estão também para receber a Copa do Mundo em 2014 e por isso há muito trabalho e infra-estrutura em curso.

"O Brasil é um mercado de alto crescimento e há um grande potencial para o trabalho. Esta visita oferece uma oportunidade fantástica para as empresas locais para aproveitar as oportunidades lá fora."

A delegação brasileira começou a sua viagem a Europa na InnoTrans, em Berlim, a maior feira ferroviária do mundo, e incluiu reuniões com representantes de organizações ferroviária do Reino Unido em Londres.

Sr. Hogarth disse: "Derby e Derbyshire representa o centro do Reino Unido em excelência em engenharia ferroviária, projeto, fabricação e consultoria.

"É uma honra à força do setor  ferroviário de Derby que esta seja uma das três únicas paradas européias para a visita"

Fonte  ABIFER :      Derby Telegraph

 Publicada em ::  09/10/2012



DDFR - Derby e Derbyshare Rail Fórum



Evento Segurança Ferroviària em Derby





ABIFER na mídia:   Rail firms send right signals to get on board Brazilian boom


A GROUP of top Brazilian rail officials have been in Derby to talk about teaming up with city firms on multi-million-pound infrastructure projects for the world's two biggest sporting events.

The team of 22 decision-makers have been touring Europe to build links with rail firms in connection with rail projects that are being planned for the 2014 football World Cup and the 2016 Olympic Games.

Yesterday, the group, which included the president of the National Rail Freight Association, Rodrigo Vilaca, and the president of the Brazilian Railway Industries Association, Vicente Abate, came to the city to meet with Derby rail firms.

The Brazilian delegation were invited to Derby by UK Trade and Investment East Midlands, a government-backed organisation, which encourages British firms to export.

They began their visit with a tour of Network Rail's state-of-the-art control centre, in Bateman Street, which monitors all on-track activity for East Midlands Trains.

They then visited TQ Catalis, a rail training company, in London Road, which specialises in signalling and track safety.

Mr Abate, who is based in Sao Paulo, said: "We came to Derby because it is a very big centre for the rail industry in the UK.

"In the 19th century, the British built railways across Brazil and the expertise and skills at companies here could support our plans.

"Brazil has been growing in the past 10 years and there are plans for 10,000km of railroad and an investment of billions.

"There is the chance to make partnerships with UK companies."

TQ Catalis managing director Craig King said: "We are keen to form links with the South American market and assist in raising the standards in rail engineering competence beyond the UK market.

"We have recently been involved in exporting our training and assessment products to the Middle East, Turkey and India and we are hoping to deliver similar products to the Brazilian market"

The Brazilian delegation rounded off their stay with a visit to rail software and technology company
Delta Rail, on Pride Park.

Tom Ross, Delta's international channel sales manager, said: "We were delighted to welcome delegates. Brazil is an important market to us.

"We presented a wide range of products, software and services which offer rail companies value in their organisations."

Brazil has been identified by the UKTI as a high-growth market for rail and the organisation is encouraging firms in Derby, which has one of the largest clusters of rail-related companies in the world, to take full advantage.

Peter Hogarth, regional director for UKTI, said: "Having passed the flame to Brazil the country is now all set to host the Olympics in 2016 and in order to deliver they require a large amount of rail development, including urban and metro rail.

"They are also hosting the World Cup in 2014 and so there is lots of work to infrastructure taking place.

"Brazil is a high-growth market and there is a lot of potential for work. This visit provides a fantastic opportunity for local firms to tap into the opportunities out there."

The Brazilian delegation began its Europe trip at InnoTrans in Berlin, the largest rail show in the world, and included meetings with representatives from UK rail organisations in London.

Mr Hogarth said: "
Derby and Derbyshire represents the UK's centre of excellence in rail engineering, design, manufacture and consultancy.

"It's a tribute to the strength of the Derby rail sector that this is one of only three European stops for the party."

Fonte:   Derby Telegraph   



Friday, September 28, 2012
Publicada ABIFER  em  09/10/2012



Cresce pressão sobre concessionárias


Mercado reavalia o risco regulatório de concessões

O movimento de pânico que contaminou os papéis atrelados à infraestrutura no dia 11 de setembro completa um mês com um cenário diferente. Depois de a Medida Provisória nº 579 voltada ao setor elétrico derrubar ações ligadas à energia e também a outros tipos de concessões, o mercado já nota uma recuperação dos papéis na bolsa. Apesar disso, é certo que analistas passaram a discutir e a incorporar novos riscos em suas projeções.

Publicada há um mês, a MP prevê, entre outros pontos, que as geradoras e transmissoras de energia poderão prorrogar suas licenças, mas mediante uma redução tarifária de 60%, em média. O mercado ainda tem dúvidas sobre como (e se) o processo de renovação condicionada a termos mais rígidos vai se estender aos outros setores.

Analistas consultados pelo Valor mostraram maior preocupação com empresas ligadas a portos e ferrovias, dado que ambos os setores passam por reformas no marco regulatório e, portanto, trazem incertezas em relação ao que vem pela frente. Já empresas de rodovias e saneamento são vistas como mais "seguras".

O desempenho das ações um mês depois do "susto" inicial corroboram a análise: já estão recuperados a níveis pré-pacote os papéis de CCR, EcoRodovias, Triunfo Participações e Investimentos e Sabesp. No lado negativo, chama atenção o desempenho da Santos Brasil, especializada em terminais portuários. Apesar da alta de 19% no ano, as units caíram mais de 14% no mês.

O analista Pedro Balcão, do Santander, passou a considerar que a renovação da concessão do terminal da empresa - que vence em 2022 - no Porto de Santos (Tecon Santos) será efetuada mediante compromissos de investimentos vultosos por parte da companhia, que baixariam a margem operacional de 55% para 35%, a partir daquele ano. Sob essa perspectiva, a corretora cortou o preço-alvo para as units, de R$ 33 para R$ 24, considerando ainda mais competição no setor.

Segundo relatório do JP Morgan, os papéis da Santos Brasil estão sob pressão também devido a "ruídos" referentes a potenciais reduções de tarifa - uma possibilidade considerada muito remota pelo banco. "Nossa percepção é de que o governo deseja mais investimento para aumentar a capacidade do setor, e qualquer sinal de não renovação dos contratos ou o estabelecimento de limites de preços levariam a um menor Capex", escreveram os analistas do banco.

O analista Bruno Savaris, do Credit Suisse, também considera pouco provável a queda de preços das tarifas cobradas pelos terminais portuários e manteve o preço justo para a units da Santos Brasil ao fim de 2013 em R$ 35, considerando investimentos da ordem de R$ 1 bilhão para que a licença para operar o Tecon Santos seja prorrogada. "Não se trata de uma guerra de preços e, sim, de uma pressão por qualidade por parte do governo. Se o operador entrega um bom serviço, os usuários não se importam em pagar", avalia um executivo do setor que não quis ser identificado.

A preocupação do mercado com a "mão do governo" em companhias de concessão se entende às ferrovias, mas de uma maneira mais complexa. Está sendo colocada em prática uma série de medidas - previstas em contrato - para aumentar a produtividade dos trilhos, acelerar investimentos nas malhas e baixar o preço dos fretes.

A consequência foi que, desde agosto do ano passado, as ações da ALL estão sendo negociadas abaixo de R$ 10, nível que não era visto desde 2005, ano seguinte à abertura de capital na Bovespa. O papel, que chegou a bater R$ 34 em 2010, fechou o pregão de ontem cotado a R$ 8,99.

A mais recente dessas medidas foi a redução do teto-tarifário praticado pelas concessionárias. Publicada em 24 de setembro no Diário Oficial da União pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a redução do preço máximo a ser cobrado pelo modal é de 25% em média e passa de 50% em alguns casos, segundo levantamento do Valor.

A ALL, que sempre defendia já praticar tarifas médias 10% menores em relação ao teto da ANTT, deve reduzir o teto das subsidiárias ALL Malha Sul, ALL Malha Paulista e ALL Malha Oeste em média 15%, 29% e 47%, respectivamente - o que deve causar redução efetiva no preço cobrado pelo frete.

Companhias de infraestrutura se recuperam na bolsa, mas sofrem com medo da "mão do governo"

A redução do teto foi responsável pela queda abrupta dos papéis da ALL, única companhia especializada em ferrovias com papéis negociados em bolsa. Poucos dias depois, o pacote de energia causou maior desvalorização com o que ficou ainda mais evidente: o governo não estaria disposto a renovar as concessões de ferrovias de maneira automática.

Na semana passada, a Santander Corretora deixou de considerar a renovação de três das quatro concessões da ALL em seu modelo de avaliação da empresa: da Malha Oeste, que vence em 2026; da Malha Sul, que vence em 2027; e da Malha Paulista, que vence em 2028. O resultado foi uma redução do preço-alvo das ações da companhia para o fim de 2013, que passou de R$ 14 para R$ 10. A recomendação dos investidores mudou de compra para manutenção dos papéis.

"A decisão de renovar cabe apenas ao governo e ele já sinalizou que não está satisfeito com o atual modelo", afirma Balcão, responsável pela análise do setor no Santander. A redução do teto tarifário da ALL foi outro fator por trás do corte na estimativa de preço justo para as ações.

O Deustche Bank também tem visão cética para os papéis do setor, com preço justo estimado em R$ 11 para as ações ordinárias da ALL. "Não esperamos notícias positivas para a empresa no médio prazo", disse o analista Alessandro Baldoni, em relatório.

Por outro lado, Felipe Vinagre, do Barclays, comentou, em relatório, que nunca considerou a renovação das concessões na hora de calcular o valor da empresa e ressaltou que a insatisfação do governo com o atual modelo ferroviário e o atraso nos investimentos representa um risco para as ações.

Mas as medidas estatais para o segmento vêm desde julho de 2011, com o objetivo de atualizar um modelo contratado nos anos 1990 e que exige das concessionárias apenas duas metas: limite de acidentes e um mínimo de produtividade geral.

No novo marco, publicado há mais de um ano, foi estabelecido que as concessionárias deverão cumprir um mínimo de movimentação de cargas em cada trecho concedido. O modelo atual, em que a produtividade é calculada pela malha como um todo, pode "disfarçar" trechos com baixa produtividade e, em casos mais graves, levar ao abandono.

Também ficou estabelecido o direito de passagem e tráfego mútuo para que as demais concessionárias possam compartilhar a malha mediante pagamento de uma taxa - o que, na prática, já ocorre em alguns casos (embora de maneira muitas vezes limitada). Por último, a resolução prevê a defesa do usuário do transporte de carga, oficializando os direitos dos clientes.

Paralelamente às três diretrizes publicadas e à redução do teto, o governo está retomando trechos das concessionárias atuais para, então, relicitá-los sob um mecanismo diferente. O governo comprará do vencedor do leilão toda a capacidade de transporte da malha (depois de ela receber as melhorias necessárias) e irá revendê-la a diferentes operadoras logísticas. O objetivo é acelerar investimentos e também acabar com o monopólio de uma empresa em determinado trecho.



Fonte:  Jornal  Valor 

Daniela Meibak, Natalia Viri, Beatriz Cutait e Fábio Pupo

Qui, 11 de Outubro de 2012 07:30 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Governo precisa da iniciativa privada para melhorar projeto


A avaliação foi feita hoje por Bernardo Figueiredo, diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), na sessão de abertura do Exame Fórum, em 09 outubro 2012, no Rio de Janeiro

Alexandre Rodrigues, de
Fórum Exame 

Investimentos  -  09/10/2012 23:43

Valter Campanato / AGÊNCIA BRASIL
Bernardo Figueiredo
Bernardo Figueiredo: o déficit de infraestrutura do país 
pode chegar a 400 bilhões de reais

Rio de Janeiro – O principal desafio para ampliar os investimentos em infraestrutura no Brasil é a melhoria da qualidade dos projetos. A avaliação foi feita hoje por Bernardo Figueiredo, diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), na sessão de abertura do Exame Forum, no Rio de Janeiro. A estatal dirigida por Figueiredo foi criada há um mês pela presidente Dilma Rousseff para coordenar os investimentos em infraestrutura e definir modelos para a participação da iniciativa privada por meio de um pacote de concessões. Segundo Figueiredo, o déficit de infraestrutura do país pode chegar a 400 bilhões de reais e o governo não tem capacidade financeira e gerencial de realizar esses investimentos sozinho.

“Para vencer isso (o déficit de infraestrutura) num curto prazo, é preciso ser agressivo nos investimentos. E criar prioridade. Essa foi a preocupação quando começamos a discutir alternativas para expansão da infraestrutura: ver que investimentos geram mais resultados e como eles se articulam”, afirmou Figueiredo. Segundo ele, a estrutura da EPL ainda está em formação, mas a estatal já trabalha na tarefa de constituir o que ele chamou de “prateleira” de projetos bem estruturados a partir da contribuição de estudos de ministérios como o dos Transportes e da contribuição de entidades privadas. 

“O Estado tem limitações para gerir projetos. Pior que isso, não tínhamos a cultura de fazer projeto. Isso tinha sido desmanchado ao longo do tempo. O conceito de Estado mínimo afetou muito a gestão do transporte, excluindo órgãos de planejamento como o Geipot”, disse Figueiredo, citando o órgão de planejamento de transportes que integrou na década de 70 que foi esvaziado na década de 90 e extinto.

Considerado um dos principais auxiliares da presidente Dilma, Figueiredo disse que o PAC, mesmo com atrasos nas obras, foi um avanço ao retomar a ideia de planejamento e criar cronogramas para os investimentos do governo federal. Segundo ele, o orçamento do Ministério dos Transportes saltou de 1 bilhão para 20 bilhões de reais entre 2003 e 2012. “É uma mudança significativa, mas 20 bilhões de reais ainda não é suficiente, infelizmente. Temos um passivo grande e a economia mudou muito. Há outras exigências em relação à década de 70”, afirmou Figueiredo.

“Existe um padrão que considera o mínimo necessário de 3% do PIB em investimentos para evitar a depreciação da infraestrutura. Investimos 2%. É pouco e, por vezes, investimos mal. Deveríamos investir pelo menos 4%. Esse salto tem que ser liderado pelo setor privado”, disse o economista Claudio Frischtak, presidente da InterB Consultoria. 

“Finalmente o governo está abrindo o setor para a iniciativa privada, mas precisa azeitar melhor esse processo. Hoje está sobrando dinheiro por aí, em empresas e fundos. O governo não está estruturado para movimentar tantos projetos”, disse Renato Pavan, presidente da Macrologística Consultoria, durante o debate que se seguiu à palestra de Figueiredo. O consultor defendeu a manifestação de interesse como um instrumento para acelerar a estruturação de concessões. Por esse modelo, as empresas interessadas em determinado projeto arcam com estudos de viabilidade. A partir deles, o governo faz os leilões e os vencedores reembolsam os custos aos autores. 

“Processos de manifestação de interesse fazem com que a iniciativa privada ganhe tempo na formulação de projetos com a sua capacidade de fazer estudos. Esse é um instrumento que precisa ser mais bem usado, acreditamos muito nele”, concordou João Martins Silva Neto, diretor de negócios estruturados da construtora Andrade Gutierrez, uma das principais sócias da CCR. Figueiredo disse que o governo vê com bons olhos o instrumento, mas ressaltou que é preciso assegurar a convergência entre os interesses público e privado. 

Frischtak alertou que o governo precisa dar independência das agências regulatórias para dar segurança jurídica aos investidores e garantir a eficácia dos modelos de concessão. “Quem decide a política é o governo. Regulação é o Estado. As agências são de Estado, não de governo. Planejamento, programação e projetos podem ser feitos em associação entre entes públicos e privados. O setor privado pode e deve contribuir no processo de planejamento. Há hoje uma competência disseminada na sociedade que precisa ser mobilizada.”

Silva Neto lembrou que a CCR iniciou sua carteira de concessões em rodovias e transportes públicos antes mesmo da definição de marcos regulatórios, um sinal do apetite do setor privado pelo setor. No entanto, disse que esse interesse só será canalizado em favor dos investimentos e dos usuários se houver regras claras. “O nome planejamento soa como música aos nossos ouvidos”, disse. “Ver que o governo esta preocupado em reduzir a escassez de projetos já é um bom começo.”





terça-feira, 9 de outubro de 2012

Dúvidas permeiam investimentos de R$ 92 bilhões para as ferrovias



Quando anunciou o Programa de Investimentos em Logística, em agosto, o governo federal agradou os setores produtivos brasileiros com a promessa de melhorias na infraestrutura do país. Ao mesmo tempo, no entanto, o Planalto lançou um mistério sobre as ferrovias.

O pacote de R$ 91 bilhões para doze estradas de ferro será direcionado em sua maior parte a trechos que, atualmente, já estão sob concessão. A intenção do governo, confirmada pelo próprio ministro dos Transportes, é que as empresas devolvam trechos considerados estratégicos à União para que, então, eles sejam licitados novamente a partir de um novo formato de concessão.

O governo contratará uma nova concessionária e, depois, comprará dela a capacidade total de movimentação da ferrovia. Em uma segunda etapa, revende a capacidade da malha a múltiplos operadores. O objetivo é acelerar investimentos ao mesmo tempo em que acaba com o monopólio nos trechos escolhidos.

Em alguns casos, as empresas concordam em ceder os trechos graças a uma negociação. Em vez da obrigação de investir em ferrovias subutilizadas, as atuais empresas cederiam esses trechos ao novo modelo do governo e ainda teriam direito a uma parte da movimentação na malha reformada. Esse é o caso, por exemplo, da Transnordestina, conforme adiantou o Valor em agosto, em matéria sobre o começo das negociações para as retomadas dos trechos.

O governo pretende usar essa mesma negociação em malhas que estão em condições normais de operação, embora ainda demandem investimentos para aumentar a produtividade. Esse é o caso do acesso ao porto de Santos, que a MRS Logística tem o direito de explorar até meados da década de 2020. Para que a empresa devolva seu "filé mignon" ao governo antes do prazo firmado em contrato, fontes da própria empresa acreditam que seria necessária uma indenização que pode chegar a "alguns bilhões".

Em entrevista ao jornal há algumas semanas, no entanto, Bernardo Figueiredo, presidente da estatal Empresa de Planejamento e Pesquisa (EPL), que coordena o assunto, descartou indenizações às empresas e disse que serão oferecidos créditos de movimentação nas futuras ferrovias em troca das devoluções. Resta saber se a MRS e outras companhias com trechos em estado operacional aceitarão os termos.

A devolução de malhas em operação inclui também trilhos da América Latina Logística (ALL), que afirma não haver conversas com o governo para a entrega. No alvo, está o trecho que liga Mafra (SC) a Porto Alegre (RS). No meio de agosto, Alexandre Rubio, superintendente financeiro e de relações com investidores da ALL, disse, após reunião com analistas e investidores, que havia a possibilidade de se "pensar" em devolução desde que o governo pagasse o capital empregado no trecho.

Profissionais atuantes no segmento, mesmo altos executivos de concessionárias, dizem desconhecer os detalhes do plano do governo para compensá-las sobre uma eventual devolução. O processo de negociação de grande parte da malha, um patrimônio público, permanece um mistério.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, as empresas não estariam de acordo com a devolução. "Isso foi uma colocação do governo. Ele pode retomar a malha [de acordo com os contratos] em qualquer momento da concessão. Mas tem os condicionantes, os acertos do que foi feito, o que não foi feito, o que deveria ter sido feito", diz Vilaça. "Acho que o governo não sabe ainda como vai fazer. Precisamos esperar alguns esclarecimentos".

Fonte: Valor / Fábio Pupo

09 out 2012