Terminal prevê crescer 6% este ano
Nos últimos tempos, as atenções dos cariocas, na área portuária, se voltaram para o velho Porto do Rio. E com razão: a centenária Companhia Docas do Rio de Janeiro sofrerá enorme modernização. Ganhará um segundo terminal de passageiros, deverá contar com melhor acesso viário e os dois terminais de contêineres – dos grupos Libra e Multiterminais – praticamente vão duplicar de capacidade, com investimentos de R$ 1 bilhão; poderão em breve receber navios de 8 mil contêineres.
Mas, no
ex-porto de Sepetiba – hoje Itaguaí – o terminal Sepetiba Tecon não está
parado e, ao contrário, tem grandes planos, segundo relata a esta
coluna o diretor comercial, Marcelo Procópio. O terminal pertence
integralmente à CSN, mas opera com visão de mercado. Nada menos de 88%
do movimento do terminal são de contêineres, sendo o restante dividido
entre cargas da CSN – bobinas de exportação – e equipamentos pesados, as
chamadas “cargas de projeto”.
Procópio revela
que o Sepetiba Tecon não se foca em disputar cargas com os outros dois
terminais do Rio, mas, como os demais, busca itens na área de influência
do porto, como Minas Gerais e indústrias da Via Dutra. Lamenta o
traçado de descida da Serra das Araras, onde as carretas mal podem fazer
curvas sem sair de sua faixa de rolamento, mas diz confiar no Arco
Rodoviário. “ Mesmo com atrasos, quando o Arco vier, irá ligar a
Rio-Juiz de Fora e o pólo petroquímico de Itaboraí ao nosso terminal.
Será um grande avanço trazer cargas de várias regiões do país sem passar
pela ponte Rio-Niterói e pela Avenida Brasil”, diz.
O Sepetiba
Tecon movimentou 219 mil containeres em 2011 e, este ano, a previsão de
expansão de 10% foi reduzida a 6%, diante da conjuntura. Procópio afirma
que a força industrial de São Paulo é enorme e cresce acima da
capacidade de expansão do porto de Santos, razão pela qual a atração de
cargas de lá é uma das prioridades. Afirma que a operação no Sepetiba
Tecon é rápida, como se expressa no linguajar do segmento: “ O tempo de
gate é bom”. Lembra que muitos portos não têm área próxima, a chamada
retroárea e o Tecon conta com 400 mil metros quadrados, além de dispor, a
CSN, de área contígua de 10 milhões de metros quadrados, onde se
pretende criar um condomínio industrial, com usinas de aço e cimento da
CSN, que será o Pólo Logístico Multimodal.
No Tecon, 21%
do movimento são de cabotagem, 48% de transbordo – transferência de
carga de navios maiores para menores – e o restante de itens unicamente
de comércio exterior. A profundidade oficial é de 14,5 metros, mas foi
feita dragagem por empresa particular que elevou o calado para 15,5
metros, o que ainda aguarda confirmação pela Marinha. Com isso, o porto
poderá receber os gigantes de 18 mil containeres, ainda em construção
para empresas internacionais.
Há alguns
tempo, os contêineres levavam apenas carga industrial, enquanto itens
agrícolas eram exportados em sacas. Hoje, 90% do café são embalados em
contêineres – seja em uma grande sacola interna, o liner bag, ou em
sacas de 60kg acondicionadas nos contêineres. Já há exportação de soja
em containeres e em breve, a novidade deverá atingir o açúcar. Explica
que, obviamente, é mais barato levar essas cargas soltas nos porões – a
granel. No entanto, o contêiner permite embarque e desembarque mesmo com
chuva; além disso, a exportação a granel em geral é direcionada a um
importador, que a divide entre atacadistas no destino. Quando se usam
contêineres, um pequeno mercado da Inglaterra, por exemplo, pode comprar
cinco unidades, a um preço final melhor, pois passa a prescindir de
intermediários.
Por fim, relata uma grande vantagem de Itaguaí: a região está virando um
Eldorado. O estaleiro de submarinos da Marinha irá empregar 6 mil
pessoas; a CSA é um gigante da área siderúrgica; Eike Batista está
construindo um terminal de minério; a Rolls-Royce está montando sua
fábrica; a CSN dispõe do Tecar para carvão e minério; a Wartsila vai
produzir grupos geradores na área da Nuclep; a Petrobras está criando
bases de operação para o pré-sal e a Vale conta com um terminal no porto
organizado e outro fora.
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