quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sepetiba Tecon de olho em cargas paulistas

Terminal prevê crescer 6% este ano


Nos últimos tempos, as atenções dos cariocas, na área portuária, se voltaram para o velho Porto do Rio. E com razão: a centenária Companhia Docas do Rio de Janeiro sofrerá enorme modernização. Ganhará um segundo terminal de passageiros, deverá contar com melhor acesso viário e os dois terminais de contêineres – dos grupos Libra e Multiterminais – praticamente vão duplicar de capacidade, com investimentos de R$ 1 bilhão; poderão em breve receber navios de 8 mil contêineres.

Mas, no ex-porto de Sepetiba – hoje Itaguaí – o terminal Sepetiba Tecon não está parado e, ao contrário, tem grandes planos, segundo relata a esta coluna o diretor comercial, Marcelo Procópio. O terminal pertence integralmente à CSN, mas opera com visão de mercado. Nada menos de 88% do movimento do terminal são de contêineres, sendo o restante dividido entre cargas da CSN – bobinas de exportação – e equipamentos pesados, as chamadas “cargas de projeto”.

Procópio revela que o Sepetiba Tecon não se foca em disputar cargas com os outros dois terminais do Rio, mas, como os demais, busca itens na área de influência do porto, como Minas Gerais e indústrias da Via Dutra. Lamenta o traçado de descida da Serra das Araras, onde as carretas mal podem fazer curvas sem sair de sua faixa de rolamento, mas diz confiar no Arco Rodoviário. “ Mesmo com atrasos, quando o Arco vier, irá ligar a Rio-Juiz de Fora e o pólo petroquímico de Itaboraí ao nosso terminal. Será um grande avanço trazer cargas de várias regiões do país sem passar pela ponte Rio-Niterói e pela Avenida Brasil”, diz.

O Sepetiba Tecon movimentou 219 mil containeres em 2011 e, este ano, a previsão de expansão de 10% foi reduzida a 6%, diante da conjuntura. Procópio afirma que a força industrial de São Paulo é enorme e cresce acima da capacidade de expansão do porto de Santos, razão pela qual a atração de cargas de lá é uma das prioridades. Afirma que a operação no Sepetiba Tecon é rápida, como se expressa no linguajar do segmento: “ O tempo de gate é bom”. Lembra que muitos portos não têm área próxima, a chamada retroárea e o Tecon conta com 400 mil metros quadrados, além de dispor, a CSN, de área contígua de 10 milhões de metros quadrados, onde se pretende criar um condomínio industrial, com usinas de aço e cimento da CSN, que será o Pólo Logístico Multimodal.

No Tecon, 21% do movimento são de cabotagem, 48% de transbordo – transferência de carga de navios maiores para menores – e o restante de itens unicamente de comércio exterior. A profundidade oficial é de 14,5 metros, mas foi feita dragagem por empresa particular que elevou o calado para 15,5 metros, o que ainda aguarda confirmação pela Marinha. Com isso, o porto poderá receber os gigantes de 18 mil containeres, ainda em construção para empresas internacionais.

Há alguns tempo, os contêineres levavam apenas carga industrial, enquanto itens agrícolas eram exportados em sacas. Hoje, 90% do café são embalados em contêineres – seja em uma grande sacola interna, o liner bag, ou em sacas de 60kg acondicionadas nos contêineres. Já há exportação de soja em containeres e em breve, a novidade deverá atingir o açúcar. Explica que, obviamente, é mais barato levar essas cargas soltas nos porões – a granel. No entanto, o contêiner permite embarque e desembarque mesmo com chuva; além disso, a exportação a granel em geral é direcionada a um importador, que a divide entre atacadistas no destino. Quando se usam contêineres, um pequeno mercado da Inglaterra, por exemplo, pode comprar cinco unidades, a um preço final melhor, pois passa a prescindir de intermediários.


Por fim, relata uma grande vantagem de Itaguaí: a região está virando um Eldorado. O estaleiro de submarinos da Marinha irá empregar 6 mil pessoas; a CSA é um gigante da área siderúrgica; Eike Batista está construindo um terminal de minério; a Rolls-Royce está montando sua fábrica; a CSN dispõe do Tecar para carvão e minério; a Wartsila vai produzir grupos geradores na área da Nuclep; a Petrobras está criando bases de operação para o pré-sal e a Vale conta com um terminal no porto organizado e outro fora.



Arco Metropolitano do Rio de Janeiro

 


 

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