O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), assinou
carta de intenção com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB, na sigla
em inglês) para construir uma ferrovia de Cuiabá a Santarém (PA).
O projeto prevê a construção de uma linha férrea paralela à BR-163,
que liga as mesmas cidades e está sendo pavimentada. O trajeto é de
cerca de 1.800 quilômetros.
Segundo o governo de Mato Grosso, o banco se comprometeu a emprestar
US$ 10 bilhões. Em contrapartida, produtos e serviços terão de ser
importados da China.
O próximo passo é um estudo de viabilidade do projeto. Ao menos duas
empresas estão envolvidas --a ATI, uma holding de Hong Kong, e a estatal
Empresa de Engenharia Ferroviária da China (Crec, na sigla em inglês).
Apesar do projeto ainda embrionário, o governo mato-grossense prevê que a obra fique pronta em cinco anos.
A viagem da comitiva a Pequim foi precedida de reuniões no Brasil nos
últimos meses. Em uma deles, em setembro, Barbosa viajou de carro com
representantes da Crec de Cuiabá a Santarém.
Liberação
"A ferrovia é a carta de alforria para os produtores de Mato Grosso",
afirmou Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja, que reúne
aproximadamente 5.000 sojicultores. Ele integra a comitiva em Pequim.
Fávaro afirma que a BR-163 "já está nascendo estrangulada" em razão das poucas opções para o escoamento da safra.
O sojicultor afirma que o transporte do meio-norte do Estado até o
porto de Santos custa entre US$ 100 e US$ 120 por tonelada. Esse valor
cai para US$ 50 a US$ 60 com o escoamento via Santarém.
Caso o empréstimo se confirme, será o maior dado pela CDB ao Brasil,
empatado com os US$ 10 bilhões concedidos à Petrobras em 2009.
O banco deve inaugurar escritório no Rio de Janeiro até o fim do ano.
Jornal : Folha de S.Paulo 27 junho 2012
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